01 abril 2008

Esse eu encontrei!!!!

Talvez vocês já conheçam. Trata-se de um texto de um educador polonês chamado Janusz Korzak, que morreu na câmara de gás com seus pequenos alunos durante o regime nazista na Alemanha.
"...Tu dizes: "Meu Filho". Não é o filho comum: da mãe, do pai, dos avós e trisavôs. É um "eu" longínquo que dormia numa família de antepassados. É a voz de uma sepultura carcomida e há muito esquecida, que subitamente se faz ouvir através do teu filho.
Há trezentos anos, em tempo de guerra ou de paz, alguém possuiu alguém no caleidoscópio de raças, povos e classes entrecruzadas: com consentimento ou à força, num instante de terror ou de embriagues amorosa, por traição ou sedução. Quem e quando ninguém sabe, mas Deus inscreveu-o no livro do destino e o antropologista esforça-se por o decifrar à partir da forma do crânio e da cor dos cabelos.
Pode acontecer que uma criança sensível imagine ser, na casa de seus pais, uma criança encontrada. Não se engana totalmente: quem o gerou morreu há mais de um século. A criança é um pergaminho inteiramente preenchida por hieróglifos minúsculos, dos quais apenas decifraremos uma parte. Tu conseguira apagar alguns ou sublinhar outros, a fim de nele introduzires o teu próprio texto. Terrível como lei. Terrível, mas belo.
É ele quem fará de cada um dos teus filhos o primeiro elo da imortal cadeia de gerações. Tenta procurar nessa criança, que é e não é tua, essa parcela adormecida que constitui a sua identidade. Talvez saibas encontrá-la, talvez saibas desenvolvê-la.
A criança e o infinito. A criança e a eternidade. A criança, um grão de poeira no espaço. A criança, um momento no tempo...."

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